CARTA DO SERTÃO 22-02
Chegamos à última semana do mês de fevereiro tomando consciência cada vez mais sobre o novo tempo que estamos vivenciando e a necessidade cada vez maior de fazer das nossas fragilidades uma imensa força coletiva, capaz de negar o estado de negatividade a que fomos lançados e inaugurar um ciclo novo de travessia humana sobre a terra.
Vimos que a vacina tão esperada não chegou e nem tem possibilidade de chegar na velocidade justa para todxs por toda parte do mundo, mas vimos especialmente que a lentidão da vacina é muito maior no Brasil por razões que ultrapassam qualquer horizonte lógico, fazendo do país o maior exemplo mundial de Estado Psicocrático de Direito por mais absurda que esta expressão possa soar.
Daqui do sertão, dessa margem profundamente marginal hoje como ontem estigmatizada pelos donos do poder como lugar da barbárie, conseguimos perceber um Estado que funciona segundo preceitos psicóticos, cujos controladores estão muito mais empenhados em lucrar com a Pandemia provocada pela Covid-19 que salvar vidas da grande maioria dos infectados, que são pessoas pobres, negras, habitantes de espaços sociais historicamente degradados.
O número irrisório de vacinas aplicadas até agora – cerca de 5 milhões para uma população de mais de 200 milhões – mostra como tempo é dinheiro para os mandatários do Estado Psicocrático de Direito: quanto mais demora na vacinação, mais contágio, mais demanda de insumos para combate à Pandemia, mais necessidade de investimento público de capital. Resumo catastrófico da ópera: a Pandemia é o ouro da vez dos psicóticos que nos desgovernam.
Nossa esperança de superação desse momento terrível deve ser inversamente proporcional a toda a lentidao, uma esperança veloz, que se traduz em
ações socio-humanitárias objetivas praticadas no cotidiano do sertão, gestos capazes de auxiliar pessoas simples, trabalhadoras, abandonadas pelo Estado, na busca de caminhos de superação das condições adversas. Temos duas fontes dessa esperança a celebrar nesta Carta: a vacinação dos nossos idosos na casa de 90 e 80 anos e a eleição da nova Diretoria do nosso Instituto Daghobé no último dia 20 de fevereiro, quando amigxs do Desenvolvimento Humano, comprometidxs com a luta pela justiça social, tomaram seu assento à mesa da Entidade. A esperança emana de quem sabe, pela experiência longa e pela observação responsável da história social, que todxs temos o direito a ser cuidado e o dever de cuidar também do outro, da vida, do mundo. Deus esteja!
Prof. Dr. Anelito de Oliveira
Presidente do Instituto de Desenvolvimento Humano Daghobé
Estou torcendo para este Instituto firmar raízes e.produzir todos os frutos que são perfeitamente possíveis!